sábado, 14 de junho de 2014

Lixo espalhado pelas ruas se torna problema crônico em Belford Roxo

O DIA registra 33 lixeiras em 15 bairros e centenas de crateras. Prefeitura municipalizou coleta, mas não resolveu a situação



Haja amor em Belford Roxo, porque lixo, sobra. No último 30 de abril, O DIA percorreu 15 dos seus 141 bairros e contou 33 amontoados de dejetos espalhados pela cidade — alguns com poças de chorume. A situação de risco à saúde pública é agravada porque, tentando dar jeito à situação, os moradores queimam o lixo. A fumaça misturada à poeira das ruas esburacadas — que são muitas — tornam o ar sufocante.

Por 18 vezes em um ano, o problema esteve nas páginas do jornal, tanto em reclamação de leitor quanto em reportagens. E, embora o prefeito Dennis Dauttman (PC do B) tenha prometido na edição de 22 de dezembro de 2013 regularizar a situação com a municipalização, o problema não foi resolvido. Segundo moradores, nos dias estipulados para passagem dos garis, o caminhão não aparece.

Moradores colocam fogo no lixo na Rua Bela Vista, em Vila Pauline. Ação prejudica a saúde

Foto: Agência O Dia

Para o pesquisador do Departamento de Saneamento da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fiocruz, Dalton Marcondes, não é possível que as autoridades se omitam diante do risco à saúde.

“Quando o morador queima o lixo, os resíduos de plástico e derivados do petróleo liberam partículas que causam câncer no longo prazo. No curto, se há alguém que já esteja doente na região, o problema é agravado”, alerta Marcondes, para quem “é irresponsabilidade as autoridades não fazer nada”.

Ele lembra que o lixo atrai ratos que expõem a população à leptospirose. Marcondes afirma ainda que outras doenças — algumas raras no país — podem surgir, quando o lixo não tem o seu devido fim. “Outros órgãos devem trabalhar para cobrar da prefeitura. É uma questão gravíssima de saúde pública”.

Câmara promete apurar

Com a função de fiscalizar o trabalho do prefeito, a Câmara Municipal montou uma comissão para apurar se há irregularidade. Marco Aurélio de Almeida Gandra (PDT), o Markinhos Gandra, presidente da Casa, disse ser “visível que há algo errado”. “Mas não se pode afirmar nada sem provas, por isso o levantamento”, diz.

Foto: Arte O Dia

Ao custo mensal de R$ 700 mil, segundo o prefeito Dennis Dauttmam, o serviço de recolhimento dos dejetos é de responsabilidade da prefeitura desde janeiro de 2014. Mas moradores reclamam que não é regular a passagem dos caminhões. A informação é confirmada por funcionário responsável por uma das regiões do município. Segundo ele, a quebra de equipamento ou automóvel é motivo para interromper o serviço. Ele também revela que os garis não sobem às comunidades, limitando-se às vias principais.

Segundo a prefeitura, foi o feriadão de Tiradentes (21 de abril) que causou aumento do despejo e que um mutirão está em andamento para acabar com o acúmulo nas ruas. A resposta é parecida com a dada em janeiro, quando culpou as fortes chuvas.

Flagra: caminhão só recolhe de comércio

Em vez de recolher o lixo à volta, na esquina das ruas Bela Vista e Lages Brandão, em Vila Pauline, (e havia vários montes) o caminhão da Prefeitura de Belford Roxo (placa LRA 4426) apanhava o descarte de um mercadinho. Sem o menor constrangimento, os funcionários recolhiam os sacos plásticos do comércio, ignorando as centenas de outros à sua volta.

Procurada, a prefeitura disse desconhecer a prática, mas prometeu investigar. Já o Ministério Público, seção de Defesa do Meio Ambiente de Caxias, cuja área de atuação abrange Belford Roxo, não quis se manifestar sobre as investigações em andamento.

Fonte: O Dia

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